terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Amigos e suas classificações

Há algum tempo venho pensando, incansavelmente, sobre amizade. Ela acontece de formas surpreendentes, verdadeiramente inesperadas e, quando percebemos, já faz parte do nosso ser. Sim, do nosso ser, pois é além da rotina ou sentimento. É uma parte de nós, com toda a sua simplicidade. Claro que isso se aplica a amizades verdadeiras, que ninguém se lembra exatamente como começou e que todos sabem que resistirá a distâncias, desavenças e, quiçá, a morte.

Muitas vezes só reconhecemos a importância de uma amizade quando ela é posta a prova. Com o tempo fui aprendendo a identificar boas amizades e perceber as amizades eternas. É claro que às vezes eu erro, mas no geral, tenho mais acertos. Um indício de uma boa amizade é a conversa: evita julgamentos precipitados e permite, cada vez mais, que as partes se conheçam. Conversas triviais você pode ter com qualquer desconhecido, conversas sérias só com amigos, agora conversas pessoais e profundas são reservadas aos bons amigos, assim como as conversas em tempos de guerra são apenas para os amigos eternos. Quando, num momento de desconforto para com você a outra parte ainda busca a conversa é, quase sempre, sinônimo de um relacionamento para toda a vida.

Outro aspecto importante é a capacidade de fagocitar. Isso mesmo! Ter visões diversas em uma amizade é algo engrandecedor, mas, em alguns casos, é preciso saber que a discussão não vai dar em nada e, simplesmente, engolir o assunto ou deixá-lo, permanentemente, de lado. Não se trata de ser negligente, apenas de saber que nem todos são iguais ou pensam da mesma maneira e que você amar alguém mesmo que suas posições sobre algo muito importante seja completamente oposta. É preciso ver além das oposições, pois o horizonte é sempre mais bonito.

Todas essas reflexões pairam sobre meus pensamentos, me lembrando dois casos que vivi: um recente e outro mais antigo, mas que ainda me perturba bastante. O primeiro, um engano no meu julgamento, é bem simples. Alguém que eu julgava uma boa amiga, de repente – de repente mesmo! – utilizou de grosseria e palavras cortantes para comigo. Nesse momento, tive a preocupação de tentar descobrir se algo drástico havia acontecido nas últimas 4h, depois do nosso último telefone amigável. Como nada apontava para isso e a pessoa em questão não mais me procurou, tive certeza de que não eu havia tido uma amiga...

O segundo caso, vocês já desconfiam, não é tão simples assim. Ele aconteceu há mais de um ano, com uma pessoa que tenho certeza, até hoje, que é uma amiga eterna – espero não ter me enganado mais uma vez! Depois de anos de convivência plena e sem segredos, filtros ou frescuras, optei, novamente, por uma conversa franca. Infelizmente, o momento e a forma foram pessimamente escolhidos e minha amiga magoou-se mais do que o esperado. Por conhecê-la há tanto tempo, sabia que ela precisava de espaço. Dei-lhe e ainda dou esse espaço, por mais que sua ausência me doa. Pode ser uma esperança vã, mas ainda espero, algum dia, ver seu nome na minha caixa de entrada novamente ou, melhor ainda, vê-lo na tela do celular. Talvez, ainda, quem sabe, ela me inclua novamente em sua lista de contatos do MSN e possamos ter uma longa conversa virtual... – Já diz o famoso ditado que a esperança é a última que morre.

Além de ser um desabafo de idéias, espero que este texto seja também um aceitável pedido de desculpas à essa grande amiga e uma declaração aberta de carinho para todos os outros amigos, com os quais compartilho (e já compartilhei e ainda irei compartilhar) momentos tão especiais.

Um comentário:

MAC disse...

Putz, bem bonito e emocionante o texto.
PS.: Existe mais crase no mundo. ;)